Umas dicas para construção de um bom seminário

Vários livros dão importantes orientações sobre como construir um seminário. A proposta do texto em mãos é reunir dicas que podem ajudar o acadêmico a construir um Seminário d forma que se potencialize as diversas vantagens dessa prática.

Arriscando construir uma definição para Seminário², pode-se dizer que se trata de uma prática de estudo coletivo baseada na pesquisa. Desta forma, é o seminário o principal instrumento no processo de construção do conhecimento em cursos de graduação e pós-graduação. Existe ainda a vantagem de o seminário ser uma oportunidade de treinar a fala em público, ajudando a destravar o aluno que tem timidez e/ou qualquer tipo de inibição.

Para preparar um bom seminário, o estudante deve ficar atento para duas questões originais: a primeira delas é pactuar detalhes da apresentação com o professor da disciplina, pois cada disciplina e conteúdo podem ser desenvolvidos em formatos diferentes (por exemplo, cada disciplina estipula um tempo para os seminários); a segunda coisa importante é nunca se deter exclusivamente ao texto base, uma vez que a função do mesmo é somente servir de alicerce para a pesquisa (é o tema que tem centralidade, não o texto de apoio).

Para efeitos didáticos vamos dividir o trabalho de organização do seminário em três partes: a organização do grupo, a pesquisa e a apresentação.

Da organização do grupo:

O trabalho em grupo ajuda a evidenciar a expressão social (coletiva) do desenvolvimento do saber, é a crítica coletiva de um punhado de informações que na construção do seminário são analisadas, interpretadas e até desafiadas. É por ter tamanha importância que os estudantes devem organizar o grupo da maneira correta, veja só estas sugestões:

• As pessoas são sempre diferentes umas das outras, o que as une é a afinidade de objetivos. Logo o grupo pode ser composto por pessoas diferentes e até estranhas, desde que o objetivo seja apresentar um bom seminário;
• Neste coletivo cada um deve ter uma tarefa conforme sua potencialidade. Que tem mais aptidão para falar em público pode ser o apresentador, que tem habilidade para confecção de materiais pode fazer cartazes e assim por diante;
• Todo grupo deve ter coordenador, o que não quer dizer ter chefe. O coordenador representa o grupo junto ao professor e a turma, dirige reuniões de grupo e centraliza as informações;
• Uma última dica neste ponto é que reunião demais e resultado de menos indicam grande risco de insucesso para o grupo.

Da pesquisa:

A pesquisa é o epicentro das atividades do seminário. É a pesquisa a parte que exige mais concentração e demanda disciplina e organização. Para ter sucesso nesta feita, se propõe:

• Todos os membros do grupo devem pesquisar. Dividindo o tema em partes (atenção: não se trata de dividir o texto, e sim o tema!), podendo também dividir as fontes a serem utilizadas na pesquisa (elemento A do grupo investiga na internet, o elemento B do grupo entrevista um especialista no tema e elemento B investigará em livros);
• Todas as informações levantadas e apreciadas durante a investigação (pesquisa) devem ser documentadas e ter suas fontes detalhadamente identificadas. Assim, as anotações geradas na pesquisa deve conter, no mínimo, a fonte da informação, a informação e as análises da informação;
• Os dados pesquisados devem ser analisados coletivamente em reunião onde cada membro do grupo relata o que conseguiu e depois discutem;
• O debate no grupo filtra o resultado da pesquisa e define o que será pautado na apresentação.

Da apresentação:

A apresentação é a culminância do seminário. É quando a organização do grupo e a profundidade da pesquisa se manifestam publicamente. A organização do grupo e a pesquisa promoveram o conteúdo e no momento da apresentação este conteúdo ganha forma. Então observe as dicas para apresentar o conteúdo:

• Se o grupo pactuou com o professor que nem todo mundo precisa falar em público, o grupo pode e deve escolher apresentador ou apresentadores, ate mesmo porque isso potencializa o tempo;
• A apresentação deve ser ater ao tema e destacar elementos pesquisados fora do texto. Nesta oportunidade o seminário cumpre o papel de trazer para dentro da sala de aula acréscimos para enriquecer a disciplina em seu conteúdo;
• A utilização de recursos deve ser também uma prioridade, pois aprimora a forma que se dá aos conteúdos apresentados. A utilização de materiais como retroprojetor, data-show, cartazes, livros, quadro e outros recursos são mais importantes do que se pensa e, se utilizados corretamente, significam melhor êxito no seminário;
• Independente de o professor pedir ou não, o seminário deve ter um material mínimo que contenha identificação da instituição, disciplina, tema, componentes do grupo e roteiro da apresentação. Não podendo ser esquecidas as fontes pesquisadas (esse material poderá ser feito também no modelo de plano de aula).

Antes de finalizar, é oportuno colocar que alguns problemas podem acontecer. Os mais comuns são:

• “O grupo não encontrou material”. Este é um clássico! Quase sempre acontece em grupos que não se reúnem e são afeitos ao improviso. É meio caminho andado para uma nota zero. Isso porque o seminário implica em pesquisa, que por sua vez requer esforço e organização (improvisadores não reúnem essas duas características!);
• “A apresentação está comprometida porque um elemento do grupo faltou”. Quando alguém falta para com o que foi planejado sempre prejudica a apresentação, a questão é, então, atenuar as conseqüências disso. Se o grupo pesquisou e debateu junto o prejuízo é menor porque o conteúdo existe o formato é que pode vir a não ser o ideal. Mas, se o grupo dividiu mecanicamente o trabalho (ou o texto, como é mais comum!) e não compreendeu o conjunto ou a totalidade do tema a ser apresentado é porque não ouve trabalho coletivo nem uma pesquisa mais eficiente (a lei do “cada um por si não ajuda num seminário”);
• “A apresentação está comprometida porque não existem recursos pra fazer melhor”. A falta de um data-show ou um retro projetor não impede uma boa apresentação. A utilização de cartazes, álbuns seriados, pincel e quadro são ainda de grande valor. Na verdade uma avaliação mais coerente deve compreender que quanto mais variado é o material utilizado maior foi o empenho do grupo e mais rica foi a análise da pesquisa realizada.

É claro que muitos são os desafios na construção de um seminário, mas os desafios na academia aprimoram o intelecto e desenvolvem competências. Os seminários representam um instrumental bastante completo na práxis universitária tanto para o professor quanto para o aluno.

1 Elaborado pelo professor Elton Arruda a partir das experiências em sala de aula ministrando as disciplinas relativas a metodologia da pesquisa no ano de 2008.

2 Tanto LAKATUS (ano e página) quanto ANDRADE (ano e pág.) trazem o conceito apresentado de Seminário apresentado por.